Mecanismos de defesa dos tipos mentais do Eneagrama
Encerro aqui uma pequena sequência de textos sobre os mecanismos de defesa dos eneatipos. Há aproximadamente 15 dias falei sobre os mecanismos de defesa dos tipos instintivos e, na semana passada, publiquei um texto sobre os mecanismos de defesa dos tipos emocionais. Aqui neste texto vou me dedicar aos mecanismos de defesa dos tipos mentais do Eneagrama.
Sempre vale recordar que, enquanto seres humanos, temos uma disposição persistente do organismo a agir de maneira organizada ou biologicamente adaptativa. Na perspectiva do Eneagrama, essa disposição é entendida como nossos instintos, forças que atuam no nosso inconsciente antecipando-se à razão e a emoção.
Quando nossos instintos começam a tocar nossa cognição e interagir com nossa dimensão comportamental, criamos mecanismos de defesa – estratégias automáticas que tem como função a defesa da própria personalidade.
É bom que possamos reconhecer e recorrer aos apoios que precisamos ao longo da vida. Assim é com os nossos mecanismos de defesa. Ainda que aos olhos de terceiros eles possam parecer dispensáveis, cada um sabe da sua dor.
Ai de nós sem nossos mecanismos de defesa e ai de nós, também, quando já somos capazes de dar conta das nossas caminhadas sem eles. Bom é poder reconhecer que precisamos deles e melhor ainda é, quando recobramos nossa independência, podermos abrir mão desses recursos – mas sem os negarmos.
Mecanismos de defesa do tipo 5
O eneatipo 5 se defende desligando-se de toda a realidade física e emocional. Nega tudo que vem do coração e opera apenas com sua mente, que é sua zona de conforto.
Diante do pânico de interagir com um mundo que lhe é tão distante e estranho, o mecanismo de defesa do Isolamento vai proteger o Observador de enfrentar seu grande e quase insuportável desafio: o mundo subjetivo das emoções.
Ajudar o tipo 5 a escapar desse Isolamento exige esforço. Sua coach ou terapeuta precisará ser muito hábil: necessita demonstrar afetividade, mas sem excesso, de forma que gere um vínculo por meio do qual o Observador se sinta seguro. Ele precisa se sentir protegido de qualquer forma de exposição e encorajado a experimentar as pequenas frestas que surgem, para que o Isolamento seja quebrado. A terapeuta precisará oferecer confidência, com extrema credibilidade, para que o eneatipo 5 possa dar pequenos passos.
Mecanismos de defesa dos tipos mentais do Eneagrama: o do Cético Leal
Quando o eneatipo 6 se desconecta da Coragem, a sua virtude, ele fica muito desorientado. O medo toma conta do seu mundo. Por isso ele usa, enquanto mecanismo de defesa, a Projeção: uma forma de enxergar o seu medo e começar a ver risco em tudo que o envolve.
Usando seu mecanismo de defesa, o Cético Leal projeta, para fora de si, tudo de bom e de ruim. Por isso que sua terapia ou coach precisam caminhar com ele testando a realidade, buscando fundamentos para os fantasmas. O exercício é de jogar luz sobre os vícios e as virtudes, separando o que é do outro e o que o eneatipo 6 criou. A terapeuta ou coach devem, junto ao paciente, checar evidências, buscar análise crítica das situações enfrentadas e tentar que sejam evitadas generalizações.
Tanto as maiores virtudes quanto as dificuldades podem ser projetadas, pelo Cético Leal, no outro. Normalmente quando isso acontece, elas são exageradas e perdem a proporção, agigantando o Medo, que é o vicio emocional do tipo 6.
O mecanismo de defesa do Entusiasta
O pânico de entrar em contato com a própria dor geralmente leva o eneatipo 7 à fuga. E para consertar suas mágoas e dores, abre mão de justificativas – inclusive algumas que mascaram e reescrevam a realidade, usando elementos sem base lógica.
A Racionalização, mecanismo de defesa do Entusiasta, cria nele uma fôrma mental que o ajuda a evitar entrar em contato com a realidade. Seu funcionamento fugidio tende a levá-lo a uma sensação de desnorteio quando ele não vislumbra zonas de prazer, podendo fazê-lo se sentir encurralado frente ao sofrimento.
O processo de terapia ou coaching terá que buscar o estado de presença do tipo 7. Com pouca habilidade, há grandes chances do paciente tentar enganar o próprio processo terapêutico, especialmente se não perceber um alto nível de empatia e acolhimento.
Ajudar o Entusiasta em seu processo evolutivo é desafiador para a terapeuta ou coaching. Ela precisa estar muito trabalhada em suas próprias dores para encorajar o eneatipo 7 a desmontar sua Racionalização.