Abordagem

Sempre que sou procurada a pergunta chave é: “qual é a sua linha”?

Tamanha insistência me remeteu à minha porção tecelã, que perdida entre novelos, carretéis e cordas, me respondeu com outra pergunta: “qual é o seu buraco”?

A um pequeno desfiado, há que se cerzir com linha muito delicada, quase imperceptível.

A um buraco que deixe passar o frio, busco cobrir com fios de lã.

Dependendo da sutura, posso precisar de linha cirúrgica. Para juntar retalhos, gosto de bordar com linhas multicoloridas. A depender da garantia da costura, pode se apelar para um fio de náilon e em caso extremo, até cordas. Mas quem sabe podemos pensar num belo laço de fita?

“Como assim? Mas eu não estou falando de costuras e bordados. Quero saber da sua linha profissional: é psicanálise, terapia coginitvo-comportamental, psicologia positiva, etc.?”

Minha caixa de costura é bem diversificada mas a linha que vou usar vai depender de você. Do seu momento, da sua necessidade. O que posso lhe garantir é profundo acolhimento para lidar com algo tão sutil como a vida. Se você fizer questão que eu defina, chame então de uma linha existencialista, que comporta todos os recursos para, junto com você, ajudar a tecer uma vida que ressignifique suas dores, acenda sua esperança e fortaleça a sua identidade encorajando a redesenhar essa grande aventura que é viver.

A linguagem simbólica com que respondo essa pergunta já é uma iniciação de um possível trabalho. Seja qual for a ferramenta, ela estará sempre subordinada aos mistérios do dito e do não dito. Nesta linguagem, sua vivência é algo tão único e pessoal que me sentiria impedida caso me limitasse ao uso de uma única leitura. Respeito os especialistas que, com sensibilidade, seguem qualquer um desses caminhos. Mas respeito mais ainda ouvir minha própria voz e passear por todos os campos de conhecimento aos quais poderei recorrer para ajudar a enriquecer sua forma de ser e estar no mundo.