Centros de inteligência do Eneagrama

Centros de Inteligência - mandala do Eneagrama

Conforme o indivíduo avança no processo evolutivo com o Eneagrama, ele começa a perceber a origem dos seus talentos. Grande parte deles derivam dos respectivos centros de inteligência do Eneagrama.

Podemos tranquilamente dizer que cada tipo “mora” num dos três centros de inteligência do Eneagrama. No entanto, é preciso estar atento: um ser integral precisa desenvolver seus três centros e, de maneira equilibrada, integrá-los à própria personalidade.

Em cada centro de inteligência do Eneagrama habitam três tipos.

 

Centro de Inteligência Instintivo: tipos 8, 9 e 1

Não há como aprender sem fazer. No Centro Instintivo a prática é tudo. O corpo serve tanto para marcar território no mundo – “eu ocupo meu espaço” – quanto como fonte de informação. A apreensão da realidade se dá pelos cinco sentidos. Tanto que, ao falar com pessoas instintivas, é importante usar a linguagem que remete a experiências e sensações.

Os tipos que estão no Centro de Inteligência do Instinto são muito ligados à justiça, verdade, honra, ordem, congruência e lealdade. Para eles, é difícil sair da dicotomia “certo x errado”.

São perfis julgadores e punitivistas. Basta lembrar que a emoção vital dessa tríade é a raiva. No tipo 8 é para fora, explode. No tipo 1 é para dentro, implode. E no tipo 9 é para cima: “raiva, que raiva”?

O tipo 8, conhecido como Desafiador, é um tipo preocupado com sua força e vigor. Ele jamais quer demonstrar fragilidade. Geralmente sente muita raiva, evita qualquer situação de vulnerabilidade e não se controla para enfrentar embates, defendendo sempre os mais fracos.

O tipo 9, o Mediador, olha muito mais para fora de si. Seu desejo está sempre oculto e, na melhor das hipóteses, em último plano. Influenciável, normalmente ele se deixa levar sem lutar por posições próprias. Na busca permanente por harmonia, recorrentemente evita ou foge dos conflitos, muitas das vezes reprimindo sua raiva.

O Perfeccionista, que é o tipo 1, divide sua vida entre o certo e o errado, o preto e o branco, recusando as nuances do cinza. Muito atento a erros e regras, é excessivamente crítico consigo mesmo e com os demais. O Perfeccionista dificilmente relaxa e costumeiramente apresenta baixíssima flexibilidade, fazendo-o perder oportunidades de lidar com diferentes pontos de vista.

 

Emoção: o segundo dos centros de inteligência do Eneagrama

Para os Emocionais, tudo do mundo tem a ver com emoções – e elas podem mudar a cada momento.

As emoções são flutuantes, mesmo quando estão sendo abordados temas lógicos. Um tipo emocional não desconecta emoção do tema, de nenhum tema.

Os tipos da tríade da Emoção precisam, demasiadamente, se sentirem compreendidos. E isso só acontece por meio das relações com outras pessoas.

No que se referem a sentimentos, a noção de certo e errado não é tão importante, diferentemente dos Instintivos. Para os emocionais, o que vale é o que se está sentindo: as pessoas não precisam concordar com o emocional, mas precisam validar o que ele sente.

O forte dos emocionais é a empatia. O coração é um radar que captura o sentimento do outro.

A emoção fundamental que está por trás dos emocionais é a tristeza. No Tipo 2, a tristeza por não ser amado. No tipo 3, a tristeza por não ser admirado. E no tipo 4, a tristeza por não se preencher.

O tipo 2, o Doador, é o primeiro morador do centro de inteligência emocional do Eneagrama. Apresenta comportamento empático e solícito, mas que esconde uma grande necessidade de ser reconhecido. Para o tipo 2, o reconhecimento é a confirmação do afeto; e nessa necessidade de ser reconhecido, normalmente ele se perde.

Mesmo sendo muito solícito, o Doador tem dificuldades de pedir ajuda, apresentando um comportamento autossuficiente. Parece que, no fundo, o tipo 2 gostaria que o outro adivinhasse o seu desejo, como se ele não precisasse nem pedir. Para o Doador, isso sim seria a confirmação do grande amor.

Cabeça voltada para metas, extremamente comprometido com prazos e entregas: assim é o Realizador, o 3 do Eneagrama.

Este tipo, movido a realizações, necessita permanentemente da confirmação das suas qualidades pelo outro. A admiração é o combustível que move seu comportamento. No entanto, tanta performance pode leva-lo a se perder na necessidade de agradar aos outros e, assim, esquecer-se dele mesmo.

O tipo 4, o Individualista, padece de um vazio avassalador impreenchível. Dele desenvolve-se muita melancolia e a busca constante para encontrar, no seu entorno, quem tem o que lhe falta.

Apesar de instável emocionalmente, o Individualista é profundamente intuitivo. Tem alma de artista, com grande autenticidade – que talvez seja sua característica mais marcante, já que ele paga o preço que for para ser ele mesmo.

 

Tipos 5, 6 e 7: moradores do centro de inteligência Mental

Para os moradores do centro de inteligência da mente, as coisas precisam fazer sentido. Dispensam apoios emocionais e buscam a lógica o tempo todo – são os que precisam da planilha de Excel bem feita.

Não dão importância para elogios, não os buscam. A gratificação está no sentido. As coisas precisam fazer sentido, ele precisa compreender. É como se a vida fosse um quebra-cabeças e o desafio é juntar as peças. Aí tudo funciona.

Os tipos mentais tem facilidade com análise, planejamento e lógica. As coisas precisam de começo, meio e fim. Em geral, eles possuem certa intolerância com incertezas.

Por trás dos mentais, a emoção chave é o medo. No caso do tipo 5, o medo de sentir. No caso do tipo 6, o medo de ser. E para o tipo 7, o medo de sofrer.

O tipo 5, o Observador, alimenta-se do conhecimento com a avidez do faminto. Está permanentemente em busca de informação e certamente associa conhecimento à poder.

Nesse sentido, o Observador coloca as emoções em posição acessória, praticamente as menosprezando. Ele evita contato com as pessoas e trata sua privacidade não apenas como importante, mas sim como uma condição da própria existência.

O Cético Leal, o tipo 6, é um antecipador de catástrofes. Com grande tendência ao pessimismo, está todo o tempo procurando formas de escapar dos riscos. Seus processos analíticos e estratégicos o permitem safar-se de surpresas por meio de estudos prévio das alternativas.

O tipo 6 é contraditório com relações de autoridade, tendendo a extremos: ou seguidor fiel ou rebelde.

Escravo do prazer e especialista em fugir de situações que lembrem ou levem ao sofrimento. Assim é o Entusiasta.

Este tipo, o 7 do Eneagrama, é multitarefa. Muito acelerado, abre muitas abas ao mesmo tempo e tem dificuldade de condutas – de forma generalizada, é “guloso” com a vida.

Diante de situações de ansiedade, tristeza ou desconforto de qualquer natureza, o Entusiasta foge sem disfarçar. Parece que acredita que o sofrimento é um equívoco.

Para finalizar, vale lembrar que os centros de inteligência do Eneagrama são apenas uma parte dessa poderosa ferramenta de análise e de desenvolvimento do comportamento humano. Olhar para as personalidades apenas a partir dos centros de inteligência é limitante e incompleto.

O estudo integral da personalidade por meio do Eneagrama só pode ser realizado quando contemplados os centros de inteligência, subtipos, níveis de desenvolvimento, asas, flechas, virtudes, vícios emocionais… Ou seja, o Eneagrama vai para muito além dos Eneatipos.